Por Carol Andrade
A primeira faculdade de ensino superior do Brasil nasceu aqui e tudo graças a um pernambucano – sejamos justos! -, o médico José Corrêa Picanço. É que depois de ser jubilado da Faculdade de Medicina de Coimbra, em Portugal, o brasileiro chegou na Bahia já todo ‘se querendo’, como a gente diz aqui. E acabou fazendo a cabeça do Príncipe-Regente D. João até ele ceder ao seu pedido de criar a Escola de Cirurgia da Bahia, primeiro dos muitos nomes da instituição.
Antes de virar a tal Escola de Cirurgia, o prédio servia de convento para os jesuítas e ainda chegou a ser utilizado como hospital militar. Bom, a história é mais ou menos essa, mas acontece que a Antiga Faculdade de Medicina da Bahia até hoje inspira orgulho aos soteropolitanos.
Bem ali no coração do Terreiro de Jesus, no Pelourinho, a Faculdade de Medicina já formou alguns dos nossos famosos médicos como Juliano Moreira, negro e de origem pobre acabou se tornando um dos primeiros psiquiatras do Brasil e o primeiro a abordar a psiquiatria e a teoria psicanalítica no ensino na Faculdade de Medicina.
Oscar Freire, muito antes de ser uma rua badalada e luxuosa de São Paulo, foi um médico soteropolitano especialista em Medicina Legal e também formado pela Antiga Faculdade de Medicina da Bahia. Isso sem contar a passagem pela mesma instituição do maranhense Nina Rodrigues, um dos mais importantes médicos legistas do Brasil, e a primeira mulher a se formar, no ano de 1887, em uma universidade brasileira, a médica gaúcha Rita Lobato.
Como já deu pra perceber ao longo deste blog, quase nenhum prédio importante e histórico desta cidade se livrou de um incêndio. E com a Faculdade de Medicina não foi diferente. Em 1903, um fogo devastador destruiu boa parte do edifício. Mas não foi por isso que as atividades foram interrompidas, já que a faculdade ainda foi incorporada à recém criada Universidade Federal da Bahia, na década de 40, e só em 1968 foi transferida para o prédio que funciona até hoje, no Canela.
De lá para cá, o prédio sofreu um abandono terrível, até que em 2009 foi amplamente restaurado e começa a ser reaproveitado. Já que desde então funcionam ali o Memorial da Medicina, o Museu Afro Brasileiro e a biblioteca histórica. No subsolo escavado, funciona o Museus de Antropologia e Etnologia da Ufba, onde foi encontrado o antigo claustro do primitivo convento dos jesuítas. O prédio também abriga a Secretaria de Pós Graduação de Medicina da Ufba, alguns cursos de pós graduação da área médica e, ainda, ambulatórios que atendem a população residente na área.
motivo #147
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