Por Carol Andrade
Em tempos de mudança na música soteropolitana, a BaianaSystem ganhou público fiel, fez bonito e emocionou com show já considerado histórico na Concha Acústica em dezembro (Foto: Cartaxo/Divulgação)
A música soteropolitana continua nos surpreendendo e o ano de 2013 foi bem marcante e inesquecível. Isso porque há um clima muito intenso de mudanças no ar. Além da cada vez mais evidente decadência do axé, alguns shows – geralmente lotadíssimos – andam mostrando a preferência do público jovem (e nem tanto) na cidade. Nesse contexto, a BaianaSystem foi ganhando cada vez mais atenção e, claro, o coração dos soteropolitanos.
“É um pouco injusto falar de uma única banda em meio a um cenário musical tão rico como o nosso”, disse um amigo. Fiquei pensando sobre isso e cheguei a conclusão que injusto seria não escrever sobre esse momento em que a Baiana, como foi apelidada, parece reinar. O cenário é rico e sempre foi, mas estava sem nenhuma efervescência há um bom tempo.
Dos velhos aos novos baianos, do samba ao pagode, do axé ao rock, os nomes soteropolitanos (são tantos, que mereciam um 365 só para eles) foram ganhando o mundo ao longo dessas décadas musicais. Gilberto Gil, Gal Costa, Riachão e Raul Seixas foram alguns dos que ganharam posts e homenagens por aqui, mas claro que existe mais uma cacetada de artistas sensacionais em Salvador.
Shows lotados e o hit ‘Terapia’ na boca do povo comprovam o sucesso da banda (Foto: Cartaxo/Divulgação)
Só que agora é diferente. Parece que estamos em um momento especial e a BaianaSystem, seu conceito multimídia e sua preocupação em valorizar os tons da terra podem sim representar um pouco disso.
Diferente de outros fenômenos que a gente já se acostumou a ouvir em tantos anos de música de Carnaval, a BaianaSystem não parece um produto perfeitamente embrulhado em uma embalagem com fitinha do Senhor do Bonfim.
Misturando ritmos jamaicanos e africanos, além da liberdade e psicodelia do dub, estilo cada vez mais aclamado por aqui (lembra da Quintas Dancehall?), a BaianaSystem é tudo que Salvador queria nesses últimos tempos: música de qualidade, daquelas que dão para dançar até cansar, quase sempre festeira, mas muito crítica. Com Robertinho Barreto no comando da guitarra baiana, além da voz, performance e carisma de Russo Passapusso, não dá para dizer que a Baiana nasceu pronta para a gente. Assim como as grandes bandas e artistas, eles foram se afinando, ganhando forma e experiência desde 2009, quando foi o projeto surgiu.
Depois de vários shows no Pelourinho, aquele no Festival da Primavera, outros no Bahia Café Hall, no MAM-BA, em São Paulo, Brasília, Aracaju e até no Japão, dezembro definiu para sempre a grandiosidade da banda. Foi bem recentemente, com um show já considerado histórico na Concha Acústica, ao lado da igualmente sensacional Orkestra Rumpilezz e Lenine, que eles nos pegaram de jeito. São bons e emocionam, mas o melhor: dizem muito sobre os soteropolitanos.
Não é à toa que a banda conseguiu emplacar o hit ‘Terapia’ naturalmente na boca do povo, desbancando televisão e rádio. Acredito que a necessidade de uma música interessante, junto à força da internet (tem alguém que não fica hipnotizado pela identidade visual da banda, além dos vídeos e fotografias de Cartaxo?) e um certo isolamento das grandes mídias contribuíram favoravelmente para o sucesso do BaianaSystem.
Só que esse tal sistema baiano é maior que todas as outras situações, claro. Afinal, a música continua surpreendendo. Bom pra gente.
Veja um resumo do que foi o show na Concha Acústica no dia 15 de dezembro de 2013:
+ infos:
O último show de 2013 da banda BaianaSystem em Salvador está dentro da programação do Réveillon da prefeitura e acontece hoje, 30 de dezembro, na Praça Cairu.
BaianaSystem: Site, Facebook e Canal do Youtube.
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